Mesmo com aumento nos lucros, banqueiros choram e propõem precarizar salários
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Mesmo com aumento nos lucros, banqueiros choram e propõem precarizar salários

Na 6ª rodada de negociação da Campanha Nacional dos Bancários, que aconteceu nesta quarta-feira (7), o Comando Nacional cobrou da Federação Nacional do Bancos (Fenaban) aumento real nos salários, aumento na PLR e melhorias nas demais cláusulas econômicas, como nos vales alimentação e refeição, diante dos significativos resultados financeiros dos bancos.

A Consulta Nacional dos Bancários deste ano, realizada com quase 47 mil trabalhadoras e trabalhadores em todo o país, aponta que o aumento real no salário está no topo (93%) das prioridades da categoria, seguida pelo aumento da PLR (63%), e dos vales alimentação e refeição (51%).

O porta-voz da Fenaban falou de aumento de concorrência no setor, diante do surgimento de novas instituições de pagamento. Disse ainda que essa concorrência coloca o setor bancário em risco no país e sugeriu propostas que poderiam precarizar direitos e rebaixar os salários.

“Os bancos estão chorando de barriga cheia. Mostramos que, entre 2003 e 2023, o lucro líquido dos maiores bancos no Brasil cresceu 169% acima da inflação. Além dos lucros, os bancos sempre mantiveram rentabilidade significativa no país, mesmo em momentos de crise, com crescimento médio de 15% acima da inflação. A título de comparação, os bancos dos Estados Unidos têm rentabilidade média de 6,5% acima da inflação, na Espanha 10% e na Inglaterra 9%", destacou a coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e também presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira. “Atualmente, 82% do crédito brasileiro e 81% dos ativos do setor financeiro estão nas mãos dos bancos”, completou.

Os trabalhadores ressaltaram ainda que, apesar de a Convenção Coletiva de Trabalho ter garantido aumento real de 21% na remuneração da categoria, entre 2003 e 2023, efetivamente, os ganhos reais no período foram de 16%, por causa da rotatividade no setor, uma vez que trabalhadores admitidos ingressam com salários menores que os admitidos. E, nos últimos oito anos, os bancários tiveram um déficit nos salários de 0,3%, abaixo da inflação.

“Então, a realidade é que os bancos estão retirando os ganhos da categoria, obtidos em acordo coletivo, por meio da rotatividade e isso impacta também na qualidade dos serviços para os clientes, porque demitem trabalhadores mais experientes, novamente, colocando os ganhos financeiros acima dos direitos trabalhistas e do atendimento melhor”, completou Juvandia.

A também coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, Neiva Ribeiro, lembrou que, entre 2003 a 2023, as receitas de tarifas dos bancos cresceram 120% acima da inflação. “As receitas com as tarifas são por onde as empresas retiram recursos para a folha de pagamento. Neste mesmo período, de 20 anos, as despesas com pessoal dos bancos cresceram 52%. Se pegarmos então o o período a partir de 2017 até 2023, as despesas com pessoal dos bancos caíram 10% em termos reais", ressaltou, com base em levantamento do Dieese.
Contraf- CUT

 

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