Sindicato denuncia venda do prédio Sedan do BB e possível favorecimento do BTG
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Sindicato denuncia venda do prédio Sedan do BB e possível favorecimento do BTG

A suspeita de irregularidades levou o Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro a informar ao recém-eleito deputado federal Reimont (PT-RJ) e ao Coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários (CEBB), João Fukunaga sobre a venda do prédio do Banco do Brasil da Senador Dantas (Sedan). A transação está marcada para acontecer em leilão no dia 20 de dezembro, no fim do governo Bolsonaro e a 10 dias da posse do presidente Lula.
“O objetivo é solicitar a intervenção de parlamentares e do governo de transição, para garantir que nenhuma operação como esta, de grande porte, seja feita de maneira açodada e em prejuízo de um banco público como o BB, com o agravante de que esteja sendo realizada também para favorecer o BTG Pactual, um dos donos do Condomínio Ventura Corporate, onde passaram a funcionar as dependências do Sedan e também as da Asset Management do BB (antiga BBTVM)”, explicou Rita Mota, diretora do Sindicato e integrante da CEBB.
Sintoma de que havia pressa na concretização da venda é que a data e o local do leilão (São Paulo) foram marcadas somente no dia 28 de novembro, ou seja, após o resultado das eleições em que o então candidato Bolsonaro foi derrotado. É provável que a transação tenha sido decidida para acontecer de imediato, porque, como se sabe, ao contrário de Bolsonaro, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva é contra o desmonte das empresas públicas, a venda de seu patrimônio, sendo seu projeto defendê-las pois as considera estratégicas para o fortalecimento da economia, a soberania nacional e a geração de emprego e renda.
Negócio envolve o BTG
Há mais um agravante nesta venda, pois beneficia o BTG Pactual, que tem no ministro da Economia Paulo Guedes um de seus fundadores. O BTG e a BR Properties são proprietários do Condomínio Ventura Corporate, onde passariam a funcionar as dependências do Sedan e da BB Asset Management. O imóvel considerado como ‘de alto padrão’ foi alugado pelo BB em 28 de junho de 2021, meses após ser tomada a decisão de vender o prédio da Senador Dantas.
O Ventura pertencia a Projeto Rio Empreendimentos e tem cerca de 43 mil metros quadrados de área para locação. Foi comprado pelo BTG e pela BR Properties por R$ 680 milhões.
O BTG está envolvido em outra transação suspeita com o BB, tendo comprado por R$ 371 milhões a carteira de créditos de devedores inadimplentes do banco público de R$ 2,9 bilhões. A transação passou a ser investigada pelo Ministério Público do Tribunal de Contas da União e pela Corregedoria-Geral da União (CGU).
Alegações
O pretexto da venda do prédio é o de cortar custos e modernizar instalações. Segundo edital o preço mínimo é de R$ 311 milhões. Uma informação que causa estranheza é o valor de avaliação do imóvel que, no edital, consta como zero.
Para Rita Mota, falta transparência no negócio que está sendo tocado às pressas e requer comprovações sérias de que não provocará danos ao Banco do Brasil. “Estranhamos que a venda aconteça já no apagar das luzes deste governo e às vésperas do Natal, quando as atenções estarão voltadas para as festas de fim de ano”, criticou.
Questionamentos
A possibilidade da venda do Sedan começou a ser ventilada em 2019, sendo aprovada em 2020. Em documento enviado em 13 de outubro naquele ano ao ministro da Economia, Paulo Guedes, a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) – hoje participante do governo de transição – questionou o negócio por entender ser antieconômico. Guedes se esquivou, mesmo sendo o BB subordinado à pasta que comanda, não respondeu, passando a função para a diretoria do BB que encaminhou as respostas à Secretaria da Mesa da Câmara dos Deputados.
O ofício dá a entender que a decisão coube apenas ao banco, e não respondeu objetivamente aos questionamentos da parlamentar. Perguntado sobre a justificativa técnica e econômica para a venda do Sedan e posterior locação do prédio do Ventura, a diretoria do BB respondeu genericamente fazer parte do programa FlexyBB que visa a adoção de um ‘novo padrão’ de ocupação. E que envolveria o ‘indicativo’ de desocupação de 19 prédios, sendo 12 locados e 12 próprios, com economia de R$ 1, 7 bilhão em 12 anos.
SEEBRio

 

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